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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O Quarto




Baseado (acredite se quiser) em fatos reais.



Novamente meia noite. Como as horas podiam passar tão devagar?
Mais uma noite e o sono não vinha. Nos primeiros dias, apenas passava o dia morrendo de sono e ao anoitecer o sono desaparecia como que invocado por algum ser místico ao seu redor. Tanto embora após as 23 e tantas conseguisse novamente dormir, conforme os dias foram se passando cada vez ficava mais difícil repousar, as horas eram mais exaustivas e de nenhuma forma sonolentas, apenas perduravam em longa exaustão de pensamentos e aflições. Via sinais de que algo estava errado, no começo achara que eram as horas de stress no trabalho que lhe tiravam o sono, mas mesmo em dias comuns de trabalho rentável e proveitoso a noite se estendia pensamentos adentro, sem lhe dar o prazer de um sonho sequer, sua mente vagueava, e por isso não estranhou os primeiros sinais. Acreditava terem sido efeito de uma mente cansada e com sono subconsciente, talvez estivesse sonhando... Pensava, ainda assim, os dias de trabalho proveitoso foram diminuindo à medida que as noites iam ficando mais compridas e exaustivas, realmente algo não estava certo e os sinais se intensificavam, começou a sentir medo de sua própria imaginação, mas quando na noite em que quase conseguira dormir, alguém, misteriosamente de dentro de seu quarto a acordou gritando seu nome. Kendra percebeu que não poderia ser só sua imaginação.
No primeiro momento avistou a fresta por baixo da porta de seu quarto para verificar, sua irmã poderia estar na sala e tê-la chamado, mas ao constatar que não havia luz, que a sala estava apagada e mesmo a TV da sala já 'dormia' há muito tempo, ela saíra correndo porta a fora de seu quarto, pois tinha certeza, alguém a havia chamado! Como isso era possível? Quem estava lá dentro com ela?? Em questão de segundos meditou as respostas a essas perguntas e antes que chegasse a uma conclusão verdadeira já estava batendo a porta de sua mãe para se aconchegar a ela e dormir, protegida do que quer que fosse.
No outo dia pensaria melhor no assunto.
Depois, nas outras noites acontecia o básico, já tão comum que só poderia ser fruto de sua imaginação, replicando tantos e tantos clichês de filmes de terror que ate então nunca temera.
O básico se consistia em sons vindos dos moveis o que era totalmente plausível, ela pensava, isso já foi explicado no ‘Mundo de Beakman’... “A temperatura a noite muda fazendo com que os objetos e moveis dilatem”, meditava deitada em sua cama esperando o sono vir... Está explicado não devo imaginar o pior, afinal se ela imaginasse o que mais poderia ser? Um fantasma rangedor? Isso não era assustador, pelo menos não deveria ser. Não, sem chance, moveis rangendo só após que ela se deitasse eram completamente normais e básicos, para uma boa noite de sono.
Pequenos ruídos como arranhões já não eram tão comuns, não são, pensava ela, mas vejamos uma boa explicação, eram mais raros poderia ter sua mente inventado, afinal estava um pouco assustada não é mesmo?
E arranhões em sua janela eram definitivamente normais! Que bandido ficaria arranhando sua veneziana? Possuía gatos que dormiam em sua garagem, e que gostavam de ficar sob sua janela... Sim com certeza, pensava, é a minha gatinha querendo ficar perto de mim essa noite, mas não abria a janela, afinal não queria acordar antes da hora na manha seguinte, por causa de sua gatinha manhosa. Melhor deixar a janela bem fechada essa noite também, pensava, mais por volta da meia noite, as coisas esquentavam... Literalmente, e ela lutava com a vontade de sair debaixo das cobertas novamente. O que também era básico, se descobrir e começar a sentir na ponta do seu dedão do pé um leve toque, ou uma sensação de que a qualquer momento alguém fosse agarra-los e puxa-los para o fim mais profundo do mundo... Realmente era normal, ela pensava, um leve toque no meu pé, só pode ser uma pressão psicológica, que eu mesma impus, refletia, que tipo de monstro teria interesse nos meus pés? Mas a aflição era grande e sentir que havia alguém olhando para seus pés nus não era nada agradável... Melhor me cobrir nas cobertas essa noite de novo, falava pra si mesma.
E seguia a espera do sono, descobrindo e cobrindo os pés, até que não só os sentia sendo observados e tocados... Mas pressionados contra o colchão, o que também julgava plenamente normal! O sono está chegando, eba! Fingia pra si mesma, meu corpo parece estar ficando pesado só pode ser sono! Ela seguia pensando. E por mais que esse tal sono chegasse ela não adormecia. O que ainda era bem básico para uma noite comum, a meia noite e meia formas começavam a se projetar por todo o quarto, o que por sua vez também era completamente compreensível afinal a visão deveria estar ficando turva, apesar de ela conseguir enxergar claramente seu guarda roupas sua estante de livros e sua escrivaninha, as formas só podiam ser sinal de que não estava enxergando bem! Mesmo assim, preferia evitar olhar para as formas que não projetavam figuras nada agradáveis.
Com certeza não podia justifica-las como espíritos de luz, espíritos deste tipo não se apresentariam a esta hora e de formas tão grotescas, realmente, só podia estar com a visão turva! E no fundo seu subconsciente deveria ser só um pouco perturbado por todos os filmes de terror que já vira... Era plausível ignorar as figuras também.
Colocara estrelinhas para acenderem no teto à luz apagada, mas as estrelas após um tempo ao invés de divertirem a visão noturna só a tornavam mais mística e sobrenatural, e o ambiente se tornava claro demais dado momento da noite quando na verdade ela sabia que as estrelas já deveriam estar esmaecendo e apagando. Elas ficavam mais vivas e acesas quando menos queria. O que fazia com que as formas ficassem mais visíveis e abomináveis. Realmente, pensava solitária, tomar remédios para dormir não seria uma má ideia, afinal ela precisava dormir bem para trabalhar, não é verdade? E seguia ignorando as formas... Uma delas ela acolheu, de certo modo, como sendo um personagem de um sonho que teve na infância, só podia ser ele, como que um amigo imaginário, ele era o que ela esperava manter como amigo inofensivo e imaginário, talvez isso lhe tirasse o medo da tal figura, um ser alto que ficava ante sua porta. Sabia quando ele estava lá. Pois se sentia observa e seu senso lhe indicava a direção dele, mas ele não é real claro, pensava, afinal se sempre a mesma figura se projeta era devido a intensidade da luz sobre os mesmos objetos, só podia ser!
E noite após noite ele aparecia, se assustou abismalmente quando o viu a primeira vez, olhou para a fresta por baixo de sua porta para ver se alguém estava na sala, caso ela precisasse de socorro (sabe como é) e ao olhar se deparou com o que parecia ser a sombra de dois pés, parados a frente de sua porta, sem ter para onde correr rapidamente pegou seu celular e clareou com medo e coragem ao mesmo tempo, e viu que uma das sombras sob a porta, era na verdade o peso que colocava na porta para mantê-la bem fechada (deixa-la sem o peso escorado, fazia que a porta batesse sozinha no meio da madrugada acordando-a), então ao baixar a luz novamente viu que a outra sombra, que aparentava ser o segundo pé, já não estava mais lá, não se podia ver a figura em pé ante sua porta, apenas a sombra do peso de um dos lados.
Quando viu a sombra dos dois pés novamente sob a porta e o contorno de sombra que ele formava sobre a figura talhada na madeira velha de sua porta deduziu que só poderia ser fruto do seu sono aprisionado, e que se acendesse a luz novamente veria algum outro objeto que formasse o segundo pé da figura, então para não mais temer e ter de acender a luz (o interruptor ficava ao lado da porta) toda vez, Kendra o imaginava como um tipo de guardião, que a observava na espera de tê-la apenas como amiga e não como aquelas coisas horríveis que se vê em filmes. Não sabia ao certo se devia imaginar mesmo essa 'amizade' para perder o medo, ou se estava finalmente ficando louca por falta de sono.
Podia ter certeza que tudo o mais que começava a acontecer com ela só podia ser consequência de sua loucura eminente! Tudo era justificável! Pensou em rezar mais antes de tentar dormir, quando ao pensar nisso sob as cobertas tentou se lembrar de quando fora a ultima vez que rezara para dormir... Rezava sim todos os dias ao acordar, para almoçar, mas... Para dormir? Pensou, fazia tempo que não o fazia e não sabia dizer exatamente o porquê, pois bem, pensou ela, vamos rezar, ordenou a si mesma. Começou a oração padrão, que para ela continha tudo que ela precisava dizer e pedir, mas logo depois que à começou por uma fração de segundos achou que algo aconteceu, alguma coisa, alguma coisa havia acontecido porque dentro dela tudo se contorcia, e os sons "normais" ao seu redor se intensificavam e as imagens, ela fechou os olhos, as imagens não eram mais problema, mas a pressão sobre seu corpo aumentou, não entendia o porquê e ao mesmo tempo entendia até demais, ela sabia que tinha que terminar a oração, mas não sabia se aguentaria até lá, ao parar para pensar, calou por alguns segundos, e ao seu redor tudo cessou magicamente, bastava que não rezasse que nada de mal lhe ocorreria, isto realmente não podia estar certo, pensou se aquilo era a tal ‘opressão’ que já ouvira falar... Não, não, nada haver...
Uma grande amiga, na duvida, lhe arranjou um pouco de água exorcizada para que passasse por seu quarto, no inicio ficou assustada com a ideia, mas aceitou o pequeno frasco, tinha medo de passar nas paredes e vê-las urrando de dor, mas isso, pensou, era uma visão pueril de sua mente perturbada. Naquele dia achou melhor ir dormir logo e deixar a água para refletir sobre o que fazer com a água mais tarde.
A semana se transcorreu sem que usasse a água, mas a aflição era grande e sempre que tentava rezar não conseguia concluir sua oração o quadro piorava a cada dia, porem no momento em que menos teve medo, num momento qualquer de um dia qualquer, semanas depois de ganhar o frasco, ela resolveu usa-lo. Usa-lo em pleno estado de alegria seria bastante seguro, só podia ser, ao toca-lo não sentiu nada demais, e se reconfortou com a ideia de que o problema não estava nela, talvez... Meditou um pouco, mas, contudo abriu o frasco, já tinha feito isso no dia em que ganhou o mesmo, mas naquele dia a tampa era branca por fora como também por dentro, no momento porem em que novamente o abria, a tampa por dentro estava estranhamente perdendo sua cor, a tampa do frasco estava se avermelhando, uma mancha vermelha crescia internamente daquela tampinha branca e incrivelmente isso era gradativo, as margens da mancha eram rosa, e ia se avermelhando até o centro que já se parecia manchado de sangue. O tampou novamente no instante em que viu e decidiu ir ajudar alguém em sua casa a fazer qualquer outra coisa do que ficar ali e pensar no fato.
Outras semanas mais tarde, novamente alegre e esquecida de seus medos noturnos, numa tarde de um sábado qualquer ela novamente abriu o frasco decidida a usa-lo ou a joga-lo fora, seu senso de organização lhe indicava que algo precisava ser feito urgentemente sobre o frasco inutilmente parado e que atrapalhava a decoração de sua penteadeira. Já era hora, pensou, e não só abriu o frasco e detectou a mancha vermelha como também aspergiu seu conteúdo sobre as paredes de seu quarto, que para seu espanto não rugiram de dor, mas simplesmente ficaram lá imóveis indicando o quanto já havia enlouquecido. Naquela noite ela iria dormir melhor, a agua não fizera mal algum, tampouco bem (quem sabe?), mas fizeram com que ela constatasse que seu medo realmente era ficcioso.
Hoje esperava que as coisas "básicas" acontecessem, mas também sabia que mesmo que ocorresse, o principal era que não sentiria medo, afinal ela sempre soube, e sempre se disse “não precisa ter medo!” só faltava pôr isto em prática.
Apagou a luz do quarto memorizando bem o caminho a traçar até sua cama para se deitar e se cobrir como de costume, mas não se cobrir por medo, se cobrir para ficar em sua posição predileta na hora de dormir, tentava favorecer de todas as formas possíveis o sono para que ele viesse, finalmente rápido e certeiro.
Ao apagar a luz e se deitar olhou ao redor, não havia figuras, mesmo com a forte claridade vinda das estrelinhas florescentes no teto, não havia forma de sombra alguma, somente estrelas. Olhou sua janela preta a esquerda que não fazia som de arranhão algum, e olhou a porta de seu quarto à direita, a qual não tinha forma de ninguém de sentinela a sua frente, e olhou para frente da cama onde sua escrivaninha e livreiro estavam imóveis e apenas estacados como deveriam estar, sem sinal algum de ranger de madeira, seu guarda roupas também a sua direita da mesma forma amigavelmente silenciava e tudo dormia. Exceto Kendra.
O silencio torturante da noite, os moveis completamente parados, e a loucura das horas congeladas começaram a causar nela uma louca e eminente onda de pânico, algo estava errado. Algo estava muito errado, como quando todos à mesa silenciam para o seu líder falar, algo estava vindo. Algo pior iria acontecer, era já tarde da noite duas e meia da manha, e tudo o que mais temia além de todo o ocorrido até então, era ficar mais uma vez acordada até as três da manha, era tudo que ela não planejara para aquela noite, simplesmente precisava dormir, precisava!
Antes que algo terrível acontecesse, antes que chegasse.
E no mesmo instante em que ela pensou este pedido, como que invocada por ela uma tensão terrível se espalhou pelo quarto, algo que ela até então nunca sentira, uma tensão que fazia seus ouvidos zunirem e seu coração bater em sua garganta, seus olhos estavam apertados, se colocava novamente com a cabeça escondida por baixo das cobertas, seu coração batia mais que nunca e ela já não ouvida absolutamente mais nada do lado de fora de seu escudo, nem mesmo os carros que passavam a rua perto de sua casa, ela já não escutava o tic-tac do relógio da cozinha que sempre se podia ouvir com os ouvidos muito bem aguçados, naquela noite e naquele momento já não se ouvia, desaparecera e por mais que tentasse parar de respirar para escutar melhor, não se ouvia absolutamente nada!
Tentou lentamente descobrir os olhos, lentamente muito lentamente, ao que uma voz sussurrou seu nome ao pé de seu ouvido recém descoberto! Não enxergava nada, estava cega em seu próprio quarto queria correr, e tentou correr, e escancarar a porta para fugir, mas a mesma estava trancada, gritou, tentou acender a luz, mas o interruptor desaparecera, e no mesmo instante em que se virou, viu assustadoramente uma forma iluminada se formar em seu teto, como que sugando as luzes que vinham das estrelas ao redor formando letras, que ameaçadoramente a diziam "MORTA" e em seguida apagavam e ressurgiam "QUERO VOCÊ MORTA". Era fantasmagórico! Ela se abaixou e abraçou os seus joelhos sentada no chão encostada próxima de sua porta, ao que uma sombra ao seu lado deu um passo! Seu sentinela negro, saiu de sua posição original!
Algo muito estranho acontecia e ainda de olhos semicerrados só podia vislumbrar flashes de clarões e escuridão que espocavam, e reluziam e se chocavam de forma ameaçadora sem sequer atingi-la. Kendra que já não queria ver nada chorava e gritava, ao que algo a puxou, pelos seus tornozelos fazendo com que batesse fortemente a cabeça na porta, o que a puxava a arrastava para de baixo de sua própria cama, e ela ainda gritando tentava arranhar o chão para se segurar! Gritava mas sua voz já não saía como nas vezes em que tentara rezar o pai nosso.
Seu corpo já estava pela metade debaixo na cama, e algo molhado e fétido grudava em suas pernas, ela se batia desesperada, quando uma luz ricocheteou e explodiu ao bater em umas das paredes, a figura negra se virou agarrou um dos seus pulsos, e a puxou com tamanha força que seu braço parecia que iria ser arrancado! E ela saiu, voltando aonde estivera antes sentada, passou a mão em suas pernas enquanto tentava gritar, e já não havia mais nada grudento nelas, a sombra a cobriu, e de repente um sono descomunal a envolveu, tudo ficou escuro e profundo, apagou, e ela se levantou de sua cama assustada na manha de domingo.
Saltou da cama correndo, não era sonho, afinal, depois que a sombra a tocou sequer teve um único sonho, dormiu e não sonhou, sabia que não tinha sonhado.
Num canto na parede em frente à sua cama, Kendra viu uma marca negra como se alguém tivesse soltado algum tipo de bomba que manchou sua parede branca à pólvora, aproximou a mão tentando tocar, por um segundo, e desistiu, não adiantava mais verificar se as coisas eram reais ou não. Chega! Pensou Kendra olhando com carinho para o peso na frente de sua porta, saindo porta a fora do quarto, ciente de que nunca mais voltaria a dormir nele.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Libertando a fera!



Mais de um ano depois retomando o Blog!
Não por mim apenas (que estava com saudades) mas pela louca da Cecilya22!
Melhor soltar a fera e deixá-la escrever um pouquinho também... Aliás, já são muitos os escritos dela, mas e o medo de compartilhar e desagradar? rs
Ela é louca demais...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Coisas que você faria se não houvesse risco


Às vezes é tão difícil falar de nossos medos...
Medo daquilo que não vemos, medo do escuro, medo do que tem depois do mundo, medo de não terminar de ler aquele livro favorito, ou mesmo medo de não conseguir aquele emprego tão sonhado desde os meros suspiros sobre o que seria ser gente...

É completamente normal que se sinta medo, mas é normal ter tantos?
É normal se sentir irritado por tê-los? E sem saída se ver obrigado a conviver com eles??
É normal desistir?

Às vezes parece ser. De repente, você cai em si, e nota que algo está errado!
Que tudo deveria ser revisado.
Sentir medo é uma ocasião, uma coincidência...
Enquanto que conviver com o medo é um erro... uma decadência!

Sentimo-los para que eles nos motivem a ser mais e melhor, e não para que nos façam ficar quietos (e aparentemente) seguros.
Não digo estas coisas para que se cobre ou se sinta atrasado.
Quero que sinta medo! Quero que os viva!
E em seguida se permita! Que este medo, ou todos juntos!
O façam, um dia... deixar de sentir medo. O façam viver.
Pra sempre!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Bu!!!!



Era tarde da noite pessoas vazias caminhavam ao meu redor seus passos ainda ecoando em minha mente, disperso em meus pensamentos, ora via um lábio, uma mão, um olhar. Somava estes e a imagem que se formava pouco fazia sentido, pouco me importava que fizesse. Estavam todos borrados, manchados por suas imperfeições, falhas, por sua existência vaga e desnecessária. Eram tão inúteis! Se pudesse os matava a todos! Mas eram muitos, e não tinha tempo... Tão pouco animo, precisava pensar avaliar o que havia feito. Se havia provas. Lembrava-me de seu olhar pouco antes da morte... Pouco antes que eu saísse e a deixasse lá estirada de sua vida infeliz e imagem perfeita – linda. Era linda sim, e me assustava sua beleza, me assustava como a admirava. E o prendimento que me transmitia diante de seu esplendor. Eu era e seria sempre seu escravo. No começo queria sê-lo, mas nos últimos dias, depois de tanto tempo, mesmo sua imagem perfeita, escravizadora começara a me assombrar. E me assustava ainda mais que a portadora de tal beleza também me amasse, isso me deixava absorto, talvez estivesse mentindo para mim, esperando pelo momento em que me faria sofrer. Talvez estivesse usando de minha vaga utilidade para então, após enjoar da corriqueira relação entre senhora e escravo, então me libertasse para uma calma, libertadora e desoladora morte, que para ela, seria para mim um deleite depois de ter estado por algum tempo em sua presença.
Tais pensamentos começaram a me ocorrer cada vez mais, a cada sinal de amor que ela me dedicava, era como se estreitasse o tempo de vida que ainda me restava.
Temia-a mais a cada dia. Cometia-me um susto mortal quando nos esbarrávamos nos corredores, era então insuportável sua presença, não suportava o doce som de sua voz proferindo palavras de amor. Temia seus olhos e desejava que eles escurecessem, cegassem, quando ela me olhava fingindo respeito e admiração.
Nesta noite livrei-me de meus tormentos. Já não suportava mais! E quão grande foi meu temor quando que no meio de meu pesadelo cheio de imagens dela e de seus sorrisos, ela me abordou com um beijo, enquanto dormia, ela desejava me acordar delicadamente... Trocar falsas carícias. Felizmente não teve muito tempo.
Ao acordar de sobressalto materializando sua imagem cravei minhas unhas em seu pescoço num aperto fatal, enquanto minhas mãos me proporcionavam em deleite indescritível e extremamente prazeroso de ver-me livre de meu maior objeto de espanto.
Mas seus olhos ainda repousavam sobre mim, fitando,  isso me dava náuseas, e num instante ela respirou por entre seus malditos lábios uma pergunta:
 – Por que... ? – Palavra esta que se perdeu no tempo enquanto sua alma expirava.
Era como que um “Búú!” horrível que o fantasma de minha vida me sussurrasse. Assombrava.
Rajadas de medo me faziam apertá-la ainda mais forte. Não conseguia enxergar corretamente, estava chorando. Não por ela, mas por mim. Que como um escravo fiel dava-lhe o prazer de torturar uma ultima vez seu “privilegiado” escravo. Privando-o de sua beleza...
Ah! Como era perfeita sua beleza...
Não se assemelha nem um pouco a daquela caminhante, sua mão sequer pode ser equiparada à mão daquela estranha, seus lábios eram como que diamante em relação à um grão de areia, comparados àqueles lábios daquela que cruzou meu caminho à pouco, e seus olhos...
Seu último olhar...
... Se me arrependesse, o que jamais será o caso, me sentiria satisfeito ainda assim por tê-la privado da vida, simplesmente por ter vislumbrado aquele ultimo e perfeito olhar.
Que nunca havia visto antes, e que por toda minha vida lembrarei.
Valerá à pena cada instante enclausurado quando me prenderem, pois não o farão pela morte da Sta. Ruth, serei preso, privado dos prazeres da vida pelo mais puro, perfeito e único olhar de Sta. Ruth, minha Ruth.



22, Cecilya. 29 de out. 2012.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Momentos de lucidez

Em que se diz o que não se quer dizer pelo simplez fato de necessitar dize-lo, em que, o que precisava ser dito transborda.
Antes que se consiga conter.
E só assim, fazer o bem necessario para quem se ama.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não faz sentido...



Pode se dizer muito sobre tudo...
E muito mais ainda sobre  nada.
Pode-se ter uma vida completa,
Mas, sobretudo pode-se ter uma vida completamente...
Vazia.
Gostaria de saber... o quê, e... quem determina isso,
Quem tem o poder de decidir por mim, ou por você!
É cativante pensar nas vidas tocadas, nas histórias modificadas.
Por meros blefes humanos, evitáveis, porém despreocupados,
Cegos pela ilusão de se dominar apenas... o próprio mundo.
Outrora todos um dia tentaram não ser assim,
Não interferir, são conscientes e sabem do mal que são capazes de fazer,
Todavia, nem mesmo isso cabe à eles escolher...
Se tornaram fantoches condicionados a
não só destruir-se, mas destruir.
Então simplesmente aceitaram, se conformaram, pois insistir, pode (e será) ainda pior...
Sendo assim deixe cair em descontinuidade, deixe a mortalidade incerta das idéias acontecer
Deixe como está e não se interesse, pois no fim das contas...
Realmente não faz sentido.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Olhos infames



Sob Olhos de quem não sabe ver sigo minha solidão e amenidades obsoletas. Nem sempre importa o que se pensa, nem sempre importa o que se sente, exceto que quem pense, exceto que quem sinta... Seja você... Um conselho, não deposite suas esperanças na capacidade de julgamento de outras vozes... Pois elas podem decepcionar você! E voltar seus próprios sentimentos, antes leais e completos, contra você, tornando-os inseguros... Nublados... Confusos sobre si mesmos. Porém, algumas vezes ao nos decepcionarmos, algo acontece, algo que muda totalmente suas perspectivas, e a ilusória esperança retorna dando novos motivos incertos... Para... Ainda no escuro, insistir.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sentimentos


Feitos de quê...?
Vindos de onde...?
que vem sem nem mesmo dizer o porquê.
Geralmente eles fazem mais do que passar...
Marcam seus hospedeiros,
sem ao menos lhes permitir pensar.

São tão mais livres...
que diante deles somos meros fantoches,
manipulados pela gana de algo ilusório,
que por si só nem mesmo existiria.
Mas, na ausência de seus servos, para quê mesmo serviria?

Chegam até a ser mais humanos...
Se adequaram àqueles a quem manipulam,
talvez, para ter mais controle sobre eles,
talvez, para se tornarem eles, mas,
talvez... por que se encantaram por eles.
Sem perceberem foram enganados, ludibriados...
condicionados! às necessidades de seus
(agora) dependentes.

Ao final todos eles perceberão,
quem ou o quê, principiou o viciante ciclo,
talvez um não existisse sem o outro,
todavia se corromperam mutuamente,
e agora... já não importa mais o que quaisquer um deles sente.

Cecilya22....                                     

quarta-feira, 9 de março de 2011

Verdades que vejo



Hoje em dia um pouco de tempo para se fazer o que se gosta não passa de mais um sonho distante, pessoas vivendo vidas vazias, sonhos que, na verdade nunca foram sonhados... o que esta acontecendo conosco afinal? e não diga que está bem, que gosta de tudo, e que é feliz. Não é verdade! e você sabe. Vejo pessoas que se dizem satisfeitas, pessoas que se dizem exageradamente felizes, mas mesmo as mais convincentes deixam fragmentos, pequenas falhas em suas máscaras infalíveis. Sorrisos duvidosos, automáticos... exagerados, esperas desnecessárias e cansativamente repetitivas, e recursos diversos (puxa como as pessoas evoluíram quanto a isso) para se chamar atenção!
Atitudes que inegavelmente não alcançam seu objetivo, afinal se fôssemos realmente felizes, provavelmente nos mataríamos, já que ficar buscando a felicidade é, como muitos dizem, a razão de viver.
Ainda não a alcançamos, porém o que nos iludi para continuar são momentos de felicidade, que passam e deixam um desejo ainda maior de "mais" em seu lugar, dando assim continuidade ao ciclo sem fim de vagas esperanças humanas.
Vejo muitos desses momentos, e até mesmo posso dizer que já os vivi, em outros tantos, mas ambos, cruelmente, assim como acontece a todos vocês e sempre, inegavelmente, acontecerá... passaram, e já não me pertencem mais. E enquanto outros destes momentos não me arremetem, apenas me contento com o que me é permitido lembrar do que vivi, mas principalmente... do que vi.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O blog existe tem uma finalidade (eu acho) mas e nós...?



Em mundo em que viver não é o bastante, onde ricos não podem ser pobres, onde vida é incontinuamente contínua, temos de nos adaptar, escolher, esperar. .. que valha realmente a pena e que nada seja (como parece) em vão, sabemos toda a verdade! existe sentido para se viver pois de que maneira alguém tão importante quanto Deus permitiria que uma catástrofe como nós acontecesse em seu lindo e perfeito, e se não houvesse nossa interferência, ETERNO MUNDO FELIZ, mas nós existimos e enfim estamos aqui para ajudar, melhorar, aprimorar e principalmente tornar a nossa existência realmente necessária, atividade que em muitas vezes reconhecemos o quanto é tola mas, insistimos, afinal.. não temos mais nada para fazer mesmo não é? Falando sério, somos condicionados a viver e sabemos que em algum lugar não identificado, e ainda não devidamente exterminado, cultivamos uma vontade intensa e persistente de viver... (afinal vale a pena) - desculpe eu disse que iria falar sério.
Mas paremos e “flexionemos” um pouco nossos neurônios, o que vem depois pode ser melhor, ou ainda pode não valer a pena! Não pelo que há de vir, e então, realmente devemos tentar tanto apenas por nós mesmos? A resposta e pelo jeito a única saída para nossa existência vazia, é.....
 ...
Nós mesmos! – e estou falando sério sim – desde que, acredito eu, uns para com os outros. Tudo que de nós provem só gera frutos, bons ou ruins (pode escolher) se houverem mais de nós! Ou seja se o que há de vir para mim não valer tanto a pena assim, pelo menos para alguém valeu o que eu fiz, e as pessoas que foram afetadas pelos meus atos, escolhas, influências positivas (ou negativas), palavrões... e poxa como tudo isso nos leva a pensar melhor, pois todo o esforço que dedicamos a nós mesmos seriam comprovadamente vazio pois se não há nada para nós a frente (já vá aceitando a ideia), vai haver  para aqueles que cruzamos nas ruas nas esquinas, e para alguns, na cadeia. (sem preconceito galera da cadeia vocês sabem muito mais do que nós, reles covardes), e tudo isso só fará sentido se estes mesmos continuarem passando o que aprenderam conosco para outros e estes para outros e para outros, e enfim (cansei, acho que já deu para entender), talvez tenha sido realmente difícil entender a existência dos seres humanos quando haviam apenas dois, e tomara que não voltem a acontecer genocídios por aqui por que senão, sem mais pessoas realmente a vida não terá sentido algum! (à não ser que acabem com todos de uma vez é claro)
'Puts', para que a vida tenha sentido, pelo menos superficial e basicamente falando, é preciso nada mais nada menos do que mais vida!
Futuros mamães e papais, preparem-se, pois para que a vida faça sentido para alguém aqui precisamos de mais de vocês (ou menos, dependendo de como vocês forem, sei lá), porque talvez não faça muito sentido para nós mas quem sabe uma futura geração tenha explicações melhores e mais difíceis de entender que nos motivem a tentar entender mais um pouquinho a existência (tudo isso) e assim ganhar mais um tempo até chegar no que valerá a pena, mas principalmente para fazer com que desde o presente momento já se valha realmente a pena, para quem sabe estarmos satisfeitos conosco mesmos sem esperar tanto de tudo de todos e do que há de vir, alcançando assim, um dia, a incerta certeza de trabalho cumprido. Ou para quem sinta a necessidade....... Vida Valida.